Duff Mckagan

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Izzy Stradlin era o coração do Guns N' Roses - entrevista com Alan Niven PT.2

Dando sequência e finalizando nossa tradução para a entrevista de Mitch Laffon da revista canadense BRAVE WORDS & BLOODY KNUCKLES com o primeiro empresário do GUNS N’ ROSES, Alan Niven [primeira parte publicada no ultimo dia 30 de maio], o LOKAOStraz a segunda– e mais reveladora- parte do verdadeiro interrogatório ao qual Mitch submeteu Niven.

BraveWords.com: Você tem falado com ele?

Alan Niven: Não, a última vez que falei com ele foi provavelmente quarto anos atrás.

BraveWords.com: A razão pela qual eu pergunto é que eu tenho a impressão de que ele está querendo contato com todas as pessoas inicialmente envolvidas com o Guns N’ Roses e meio que querendo fechar as chagas.
Alan Niven: Eu não acho que Steven queira fechar as chagas. Eu acho que Steven quer sua juventude de volta. Eu acho que Steven quer a mágica daquele momento e a que aquele momento do ápice seja recreado, o que claro, absolutamente não vai acontecer. Todo mundo está mais velho e mudou de vida e mesmo no extraordinariamente improvável evento da banda de fato fazer uma reunião – seria diferente. Você não pode reviver o passado e você deveria, pelo menos numa empreitada artística, ter um pé no presente. Se o GUNS N’ ROSES se reunisse, eu pessoalmente esperaria que fosse algo substanciado por criatividade válida e nova no estúdio com um novo disco e que não fosse algo pra viver de memórias.


BraveWords.com: No improvável caso deles se reunirem de fato – se eles te ligassem e dissesse ‘Hey Alan, você nos ajudou no começo. Você pode nos ajudar de novo?’ Você consideraria isso ou seria simplesmente ‘não’?

Alan Niven: Eu só consideraria isso depois de conversas muito longas com Axl Rose. Giraria totalmente em torno disso e eu não sei se leopardos perdem suas manchas. Há mais na vida do que dinheiro e eu odiaria pensar que eu estava fazendo algo simplesmente por um troco e não pelo espírito, senso de aventura e não pela diversão. Se fosse algo de maldade e sem diversão, eu não iria querer fazer parte disso.

BraveWords.com: Depois que a banda demitiu você, você foi e trabalhou com Izzy, Slash e eventualmente ‘o projeto’ [que mais tarde viria a ser o VELVET REVOLVER].

Alan Niven: Deixe-me esclarecer o que rolou com ‘o projeto’. Eu vim para Los Angeles com minha filha e jantamos com Slash e Duff. Duff me olhou do outro lado da mesa e disse ‘O que você acha, Niv?’ Eu fiquei muito lisonjeado por ser solicitado, mas me parecia que não era uma boa ideia. Eu não curti o prospecto de todo mundo, menos Axl estar envolvido. Eu acho que isso acabaria numa banda injusta e expectativas não-razoáveis para todo mundo, então foi algo com o qual eu me senti muito muito nervoso.
Bravewords.com: É por isso que, no fim das contas, você acha que o Velvet Revolver falhou [porque todo mundo esperava que a banda fosse o Guns N’ Roses]?
Alan Niven: Eu não acho que você possa chamar o Velvet Revolver de um complete fracasso.


BraveWords.com: Mas eles de fato falharam…

Alan Niven: Sim, mas eles tiveram um disco em número #1 e venderam mais de um milhão de cópias e isso é respeitável. Era melhor que o SLASH’S SNAKEPIT, por exemplo. Eu acho que a fraqueza no Velvet Revolver era o material e a composição. Sob esse aspecto, eu fiquei muito nervoso sobre Scott Weiland também. Eu não tenho certeza sobre o que ele tem para contribuir como compositor…


BraveWords.com: Essa escolha pra vocalista te deixou em alerta? Você sai de Axl Rose que é um cantor problemático para um cara com um notório vício em heroína que abandonou sua banda. Fazia sentido pra você?



Alan Niven: Eu achei que era um compromisso infeliz pra se assumir. Eu senti que havia um aspecto de marketing por detrás da idéia que poderia ter funcionado, mas você tem que olhar pros caras como indivíduos e quando um deles está chegando chapado pro ensaio com uma ‘babá’ é bem óbvio que eles ainda estão usando drogas. Essa é outra razão pela qual eu fiquei muito pouco animado com a idéia de Velvet Revolver. A outra coisa foi… que o coração da alma do Guns N’ Roses era o Izzy e muitas daquelas canções funcionam bem por causa de sua inteligência musical e seu sentimento. Ele tem uma bela sensibilidade rock n’ roll que informava e influenciava a composição de todo mundo e sem Izzy estar envolvido no Velvet Revolver eu não tinha certeza de onde aquilo iria. Eu serei franco, eu acho que Slash é um dos maiores guitarristas que já viveu. Eu amo a alma dele. Eu amo a seleção de notas dele. Eu amo o jeito que ele toca – mas ele não é um grande compositor. Duff não vai curtir que eu diga isso, mas por si próprio, Duff não é um grande compositor – brilhante pra linhas de baixo e estruturas de bateria mas não um grande compositor. Você só tem que olhar pro primeiro disco solo dele pra notar isso. O GUNS N’ ROSES era um coletivo fabuloso e uma química que funcionava e qualquer organização de sucesso pode ser observada com a analogia da molécula. Você pode pegar a menor parte de uma molécula e aquela molécula irá se despedaçar e isso é o Guns N’ Roses.

BraveWords.com: Você escutou o Chinese Democracy?
Alan Niven: Uma das pessoas que me procurou nos últimos anos é um grande fã de Guns N’ Roses que vive na Austrália e que parece ter uma vida normal respeitável, além de ser um fã do Guns N’ Roses, mas ao longo Dops anos eu o achei interessante e cativante. Ele foi extraordinariamente eficaz ao me copiar todas as faixas que vazaram na net. Eu já conhecia o Chinese Democracy muito tempo antes de o disco sair. Tinha tanta coisa por aí. Não era como o Chinese Democracy que foi lançado e naquele dia eu tive a oportunidade de decidir se eu ia sentar e avaliá-lo inteiro. Eu estava completamente ciente de seu conteúdo antes do lançamento. Isso responde à sua pergunta ou isso nos leva à segunda parte da pergunta – o que eu achei do disco?
BraveWords.com? Bem, sim. É ‘permitido’ a você dizer?
Alan Niven: Eu achei que era bem complexo e difícil de digerir, mas era bem Axl.
BraveWords.com: pra mim era mais uma questão daquilo ser o que eu esperei por quatorze anos. Aquelas músicas poderiam ter sido construídas em seis meses.
Alan Niven: Eis o que eu arrisco a dizer sobre Chinese Democracy: Axl fez dois grandes erros. Um foi lançar o disco e o outro foi Irving Azoff.
BraveWords.com: Irving Azoff? Mesmo? Por quê?


Alan Niven: Se eu estivesse numa posição responsável por aconselhar Axl, eu teria feito tudo a meu alcance para fazer com que Chinese Democracy fosse algo que as pessoas sempre falassem a respeito e imaginassem, mas que nunca ouvissem, que nunca fosse lançado. As gravações demoraram tanto que não havia maneira alguma que o disco que ele estava fazendo fosse atender às suas expectativas. Mo minuto que ele foi lançado, Mitch, ele se tornou apenas mais um disco. Antes de seu lançamento ele era um mito. Era fascinante. As pessoas falavam nele. As pessoas queriam ouví-lo. O terceiro erro foi que ele deveria ter se certificado de que todas suas fitas e discos estivessem sob seu controle e bem trancados, de modo que não houvesse nenhum vazamento. Daí ele poderia ter lançado uma faixa ocasionalmente e ele poderia ter trabalhado nelas ‘ao vivo’ por mais dez anos. Isso teria sido mais misterioso, mais cativante, mais fascinante…

I
BraveWords.com: Já disseram que ‘a espera por Papai Noel é melhor do que o presente’. É o caso de Chinese Democracy…
Alan Niven: Eu discordaria. O ‘presente de Papai Noel’ da minha esposa foi muito mais do que eu poderia ter previsto.
BraveWords.com: O [jornal canadense] The Toronto Star me entrevistou sobre Chinese Democracy no lançamento e minha declaração foi que o mito Chinese Democracy sempre seria maior do que o álbum em si.

Alan Niven: Com certeza e se Axl tivesse saído e excursionado quando ele precisava, ele poderia ter tocado algumas faixas dele ao vivo. Haveria um processo pra ele…o imediatismo da apresentação ao vivo realmente afia uma declaração musical e lançar o disco inteiro foi um erro. Eu acho que o lançamento foi feito puramente por razões financeiras. E Irving queria que o disco saísse do caminho porque ele queria a reunião. Eu duvido que ele estivesse motivado a torná-lo um sucesso. Ele essencialmente foi pago pelo lançamento do disco, não por seu desempenho subsequente a isso e o acordo com a Best Buy foi estabelecido desse modo. A parceria com a Best Buy afunilou o alcance de Mercado – o Wal Mart teria sido uma escolha melhor para um contrato de exclusividade- eles têm um alcance maior nos mercados secundários e terciários – mas o melhor de tudo é que eles deixariam que todo mundo o vendesse. Nota-se que o acordo foi desenhado para maximizar a manobra imediata – pegar aquilo e correr pro próximo ponto do planejamento – uma reunião. Eu não acho que Irving jamais tenha entendido a improbabilidade de uma reunião jamais acontecer e o quão profundos são os sentimentos em relação a isso.



BraveWords.com: Irving tem sempre sido aquele cara que faz as coisas acontecerem, que faz reuniões acontecerem. Você acha que houve uma arrogância no fato dele achar que conseguiria fazer uma reunião do Guns N’ Roses acontecer?

Alan Niven: Eu não poderia dizer se Irving pode ser considerado arrogante ou não, mas eu suspeito que o nome do meio dele seja Napoleão.
BraveWords.com: Olhando pro passado, você tem mais orgulho de seu envolvimento com o GUNS N’ ROSES ou com o GREAT WHITE?
Alan Niven: É uma gama de emoções incrivelmente complexa que eu tenho em relação às duas coisas. Elas são profundas e pessoais, mas no fim das contas você julga uma banda por sua música. Eu acho que ambas… obviamente, com ‘Appetite’, que é o maior disco de estréia da história do rock…dezessete milhões de cópias só nos EUA. Os números falam por si.
BraveWords.com: Quando você estava no estúdio trabalhando naquelas canções – você pensava ‘wow, temos um produto de dezessete milhões em nossas mãos’ ou você pensava ‘bem, temos algumas músicas boas e com esperança nos sairemos melhor no segundo disco’?
Alan Niven: Eu te digo o que eu achava e lembre-se de que com o Great White eu era co-autor e produtor. Se você tivesse me dito, Mitch, que você estaria ouvindo ‘Rock Me’ na radio vinte anos depois, eu teria dito que queria fumar a mesma coisa que você estivesse fumando, Mitch. Naquele momento, eu estou completamente focado na música que está sendo gravada, o desempenho e investido no momento e não olhando pro futuro porque você jamais pode especular quem vai ser o seu público e por quanto tempo eles estarão lá e o quão fundo você vai tocar o coração dessas pessoas. Você tem que se concentrar em ‘está canção está me comovendo’, ‘ela tem vitalidade’, ‘ela tem presença’, ‘esse solo de guitarra me pira’… essa é a única maneira que você pode criar as coisas que vão sobreviver ao tempo. Então não, eu não vislumbrei que aquelas canções estariam no radio hoje em dia. Eu as ouço a semana toda. As estações de Classic Rock as tocam o tempo todo. Com o GUNS N’ ROSES, eu estava plenamente a par de onde eu estava entrando. Tom Zutaut me pediu em três ocasiões distintas que eu fosse falar com a banda e eu recusei duas vezes. Eu tinha feito alguma pesquisa sobre eles e minha postura em relação a Tom era ‘boa sorte’. Você tem um desastre na sua mão com essa galera’ e daí ele veio até mim e disse, ‘Alan, eu tenho um desastre na minha mão. Eddie Rosenblatt está ameaçando cancelar o contrato da banda e vou perder meu emprego. Eu dei minha cara a tapa e isso vai ser o fim da minha carreira. Por favor, veja se pode me ajudar.” Eu sabia que eu estava assumindo algo que seria muito difícil. O que eu não sabia era que Eddie Rosenthal tinha dado um ultimato de três meses a Tom Zutaut para reverter a situação ou a banda seria demitida. Tom não me disse isso e minha opinião quando o disco ficou pronto era que não tocaria muito na rádio porque eles eram crus demais pro que estava rolando na época. Não foi muito antes daquilo que o Great White tinha sido considerado vanguarda e aqui está o Guns N’ Roses. Eu achava que se eu pudesse manter um ambiente minimamente profissional em volta da banda… se eu pudesse mantê-los excursionando por tempo suficiente promovendo o primeiro disco e eu achava que haveria uma pequena chance de que eles pudessem ganhar o disco de ouro por 500 mil cópias vendidas. E isso será um baita dum ‘talvez’ pra mim. Quando saímos na primeira turnê excursionando com o THE CULT, aqueles que conheciam a banda todos achavam que a banda não duraria dez dias na Estrada e que iriam voltar pra perto de seus traficantes de novo. Essa era a percepção que todo mundo tinha do GUNS N’ ROSES na época e eles tinham feito por merecer aquela percepção. Se eu achava que seria um álbum famoso? Nunca passou pela minha cabeça. Eu achei que eles seriam um trabalho difícil e só através de trabalho duro conseguiríamos andar pra frente e tirá-los de uma condição quase underground e lentamente desenvolvê-los. No mais, eu ficava de olho em como o METALLICA estava crescendo e pensei ‘hmmm, se eu puder manter essa coisa rolando…talvez tenhamos sorte. Podemos chegar a ouro com esse primeiro disco e seguir daí em diante. Eu não tinha ideia de que ia explodir como explodiu em 1988.

BraveWords.com: Quando você ouviu o produto final, você pensou, ‘essas são todas ótimas canções’ ou foi o caso de termos três canções boas e vamos ver o que rola?
Alan Niven: Eu achava que tínhamos um disco muito bom e consistente. Eu amo zoar as pessoas quando eu as vejo discutindo sobre o GUNS N’ ROSES; eu murmuro de leve, mas alto o suficiente pra que todos ouçam, ‘é um disco superestimado’.


BraveWords.com: O que você diz faz sentido. O álbum é mais mito a essa altura e deixe que eu lhe conte sobre minha experiência com o Appetite. Eu li na seção ‘Rock on the Rise’ da Metal Edge que o Guns N’ Roses seria a banda que definiria os anos 90. Então, eu comprei o disco e o odiei. Eu achei que era barulho, mas algum tempo depois, ‘Sweet Child O’ Mine’ teve seu clipe lançado e daí eu vi a banda abrindo pro AEROSMITH em Saratoga Springs, NY. A banda tornou-se ubíqua e de algum modo me cativou e eu me viciei. Agora, eu acho que o disco é um clássico absoluto, mas houve um tempo que eu achava que tinha desperdiçado meu dinheiro e que era horrível. Eu achava que o vocalista era ‘uma merda’ e que as canções eram mal-escritas e que não eram nem um pouco boas…

Alan Niven: Mitch, não se sinta mal por isso porque a maioria da indústria e das rádios concordavam. A maioria da indústria e especialmente do pessoal das rádios concordava com você. Olhe praquela época e lembre-se como aquele disco cru e intenso foi armando-se em seu círculo de amizades naquela época. Você tem o Aerosmith fazendo um som água-com-açúcar para John Kalodner. Eu amo o Aerosmith, mas depois dos três ou quatro discos eles meio que se perderam… bem, você sabe, pra mim o Aerosmith é aquilo.
BraveWords.com: Eu sou um pouco mais bondoso. Eu curto Aerosmith até 1985 e o disco Done With Mirrors e daí pra frente foi bem… nada bom.
Alan Niven: Até o ‘Rocks’ é tudo bom, no meu gosto. Eu acho que John Kalodner estava pressionando a banda pra fazer som água-com-açúcar. Você tinha o Whitesnake na parada. Você tinha o Journey na parada.
Kalodner com o Aerosmith no Estúdio
BraveWords.com: Bon Jovi, Def Leppard, Poison… Kalodner realmente pegou o Aerosmith no ponto mais baixo da carreira deles e decidiu talhá-los em uma bandinha pop pra MTV ou eles podiam voltar a dormir em bancos de praça.
Alan Niven: Exatamente. Eu tenho certeza que você já ouviu a história sobre John entrar no estúdio e ouvir ao que eles estavam gravando e dizer, ‘ah isso parece com o ROLLING STONES. Tá uma merda. Eu vou fazê-los regravar tudo.’
Tyler e Kalodner
Bravewords.com: Eu tive a chance de ouvir algumas demos não-lançadas comercialmente das sessões de Permanent Vacation e há muitas canções que parecem com os STONES ou ainda melhor, com o Aerosmith clássico, mas ao invés disso ficamos com ‘Dude Looks Like a Lady’ e ‘Angel’. Faz você pensar porque elas não foram lançadas e daí você percebe que pra John, é porque essas canções não soavam como o BON JOVI. Tendo dito isso, ‘Permanent Vacation’ é o ultimo disco ‘escutável’ deles, tudo depois dele é terrível.
Alan Niven: “Love In An Elevator’ – ah, dá um tempo.
BraveWords: Eu prefiro essa à ‘Pink’ e ‘Jaded’ sempre.
Alan Niven: Deixe que eu esclareça algumas coisas. Aquela foi uma tremenda duma turnê e eu estou eternamente em débito de gratidão pela hospitalidade deles naquela turnê e eu realmente curti minha interação com os membros da banda naquela turnê. Eles foram realmente legais. Eles todos estavam tentando ficar sóbrios e a GEFFEN tinha espremido o GUNS N ROSES na abertura. Essa era a única turnê que o GNR poderia participar que eles já não tivessem fudido ou comprometido. Voltando à sua questão, ‘Appetite’ era um disco de som muito cru praquele momento. E isso foi de propósito. Uma de minhas responsabilidades era deixar a banda ser a banda e protegê-los da armação de John Kalodner e David Geffen e deixar que ele fossem quem eles eram. Uma das razões pelas quais Duff decidiu que eu serviria pra empresário era porque eu tinha um single de prata do SEX PISTOLS na minha parede de quando eu estava trabalhando na Virgin. Uma coisa que Mike Clink fez com brilhantismo foi gravar a banda como ela era.
BraveWords.com: Esse é o problema com Chinese Democracy. Meteram Pro-Tools demais…
Alan Niven: O Pro Tools é o demônio e com Chinese Democracy há tantos canais de guitarra e guitarristas no disco que é meu entendimento que as pessoas que tocaram no disco não estão de fato certas sobre quem tocou o quê. Eu sempre vivi pela regra de não ler o que a imprensa diz de você, mas eu li uma resenha dum disco do Great White que eu lembro que dizia que ‘esse disco de estúdio da banda é mais ao vivo do que o disco ao vivo de algumas bandas’. E minha reação a isso foi ‘Yes! È disso que estou falando.’



BraveWords.com: O que me lembra – o disco ‘Live Like a Suicide’ do Guns N’ Roses não foi gravado ao vivo. É um disco de estúdio com o barulho de plateia mixado a ele, certo?


Alan Niven: Absolutamente, foi gravado no Pasha. Eu o mixei com Hans Peter Huber.
BraveWords.com: É hilário saber que Axl está fazendo toda essa interação com a platéia no disco, mas ele estava num aquário no centro de Los Angeles.
Alan Niven: É hilário e há um detalhe ainda mais interessante pra isso. Eu tinha feito um EP independente com o Great White, que foi a plataforma pra que eles conseguissem seu primeiro contrario. Eu fiz um disco independente inteiro com eles, Shot In The Dark. O primeiro disco do Berlin foi independente. O primeiro disco do MOTLEY CRUE foi feito de maneira independente…eu tinha aprendido a lição e a proposta de fazer um lançamento independente para conseguir uma plataforma para seu primeiro lançamento num selo grande, então com o ‘Live Like a Suicide’ nós o lançamos como se fosse um disco independente e havia 26 mil cópias prendadas dele. Eu disse a Eddie Rosenblatt que não poderia haver nenhuma indicação da Geffen Records nem da Warner no disco. Tem que parecer um lançamento completamente independente. Mas não era – a banda já era contratada da Geffen. E ainda assim eu lancei meu ‘disco independente’ do Guns N’ Roses e ninguém pareceu perceber.
BraveWords.com: É um cambalacho total [risos]…
Alan Niven: Sim, um cambalacho total. Eu curto aquelas músicas. Tem umas performances muito boas nelas, mas é um completo cambalacho do rock n’ roll!
Bravewords.com: Pergunta final – você tem raiva de Axl Rose ou Jack Russel?
Alan Niven: Houve um tempo, não faz muito, que eu teria alegremente enchido Jack de porrada. Hoje em dia, eu estou realmente, realmente preocupado com a saúde dele e estou preocupado com o estado de saúde dele. Com Axl, estou simplesmente decepcionado. Não surpreso, apenas decepcionado. Ele parece ter ficado preso numa cápsula do tempo. Parece que a inspiração dele ainda depende de raiva e confrontação e que ele ainda está falando dos gambés, os organizadores de shows, os empresários e todo mundo está arruinando a vida dele. Eu teria gostado de vê-lo desenvolver-se. Quando ele gravou Civil War, eu achei que ele ia se tornar o porta-voz do rock, mas ao invés disso ele se tornou o bobo da corte.
BraveWords.com: Pelo menos ele ainda está no palácio…
Alan Niven: Ele ainda está no palácio e o palácio é ele e todo mundo tem que se curvar em um joelho lá dentro.
Author: Nacho Belgrande
Fonte Original Desta Matéria: Lokaos Rock Show