Duff Mckagan

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Microfone de Axl se transforma em relíquia para campineiro!



Quando o casal Eliane e João Bosco Silvério assistiram no sofá de casa, em 1991, ao show do Guns N' Roses, uma questão pulsava na mente dos dois. No futuro, o filho, ainda na barriga da mãe, com certeza seguiria a vocação dos mais velhos quanto ao apreço pelo hard rock. Só não passava pela cabeça dos dois que, 20 anos mais tarde, Filipe Silvério acompanharia ao vivo à apresentação da banda norte-americana no mesmo evento. Mais do que isso: na multidão em frenesi pelo show, conseguiria o rapaz encontrar o microfone usado por Axl Rose, vocalista do grupo, lançado à plateia ao final da performance do Guns na edição 2011 do Rock in Rio. Dito e feito. 

A fim de remorar os últimos instantes do show de Guns, Filipe Silvério se mune de euforia. Quando Axl Rose arremessou aos fãs o microfone, o rapaz pulou alto para apanhá-lo. Tentativa em vão. "Ele arremessou forte. O microfone bateu na mão do meu amigo e desapareceu", lembra. A partir daí, os fãs, jogados ao chão, passaram a se degladiar à procura pela relíquia. Por outro lado, no momento, o campineiro apreciava os fogos de artifício e as despedidas do vocalista. No momento em que se voltou para a saga em busca do objeto, assustou-se. O microfone estava jogado num canto, ao lado do burburinho. "Não acreditei quando vi. Foi uma emoção grande. Era para ser meu, mesmo", avalia.


Após a descoberta da relíquia perdida, Silvério se tornou o centro das atenções. Os fãs das proximidades foram ao encontro do rapaz. Queriam desfrutar de uma fotografia ao lado do microfone. Temeroso, Silvério optou por guardar o objeto na mochila. "O pessoal não gostou muito, não! Fiquei com medo". Para conquistar o feito, o campineiro conta que necessitou desembarcar no portão do Rock in Rio às 8h. Ao lado da irmã, Mariana, e da amiga, Valéria, buscou ao máximo ficar próximo ao palco. O trio ficou na décima fila. Não se arrepende do esforço em demasia. Explica: "Gastamos quase o salário inteiro no ingresso e na passagem de avião, mas valeu a pena".

A estada no Rio de Janeiro serviu para Silvério matar dos sonhos com a mesma cajadada. Afinal, até então o campineiro não conhecia o mar. Conheceu. Em partes, destaca. Com medo de se afastar da mochila com a relíquia, Silvério apenas molhou os pés na água salgada. "Fiquei com a mochila o tempo todo". Aliás, foi nas proximidades de Copabacana onde Silvério buscou se passar por Axl Rose pela primeira vez. Depois de tomar fôlego, com o microfone nas mãos, cantou um trecho de "Welcome To The Jungle". Por sinal, sua canção predileta. Apenas tentou. "Não consegui. A voz não me permitiu cantar". Não se intimidou. Nova tentativa. Dessa vez, "Knockin' On Heaven's Door". Se saiu melhor. "Foi a primeira música que escutei do Guns".

A relíquia Bastou colocar os pés em casa, localizada em Sumaré, para Filipe pensar num altar para a relíquia. Ainda não executou a proposta, mas o plano está certo na cabeça. Numa redoma de vidro, o microfone será colocado ao lado do ingresso do show, bem como das fotos de Axl Rose e do próprio, com a relíquia nas mãos. Tornou-se ciumento. "Não quero que ninguém fique pegando", justifica. Enquanto a caixa não for finalizada, o rapaz concede apenas os amigos mais próximos conhecer e até pegar o microfone. Entre os quais, claro, os pais. "Eles ficaram muito emocionados quando viram. Devo a eles o gosto pelo Guns".


Por enquanto, o troféu não tem preço. "Sem chances", responde. Quer no futuro mostrar a relíquia aos filhos e, porque não, aos netos. Tem fé. Contudo, nenhuma oferta ainda foi lançada. Ameaças, sim. "Teve um grupo lá no Rock in Rio que pegou o meu facebook porque fará de tudo para comprá-lo". Para provocar o fã, uma pergunta soa como farpa: "Em qual situação venderia o microfone?". Fazendo farra da pergunta, Filipe Silvério, que trabalha como analista de sistemas em Americana, responde: "Só no dia em que estiver morando na rua...".



Retirado de The Ballad Of Death