Se você já ouviu falar na banda GREAT WHITE ou possivelmente na mais obscura, o GUNS N’ ROSES, você já deve ter ouvi falar de ALAN NIVEN. Ele foi tudo deles [empresário, produtor, compositor, amigo] em seus anos de formação. Hoje em dia, Alan vive uma vida quieta nas colinas do Arizona onde do drama de dos podres do rock n’ roll esquemão, mas sua paixão por música não acabou uma vez que ele agora advoga em prol dos artistas em ascensão COLD FUSION e o TOM HOLLISTER TRIO através de seu novo selo o Tru-B-Dor.
A revista canadense BraveWords.com sentou-se com Alan no fim do ano passado para descobrir mais sobre sua nova empreitada assim como especular em volta de duas das mais duradouras franquias da história do rock, o Great White e o Guns N’ Roses.
BraveWords.com: Chegamos ao fim da música ‘física’ [CDs, vinil, etc.]?
Alan Niven: “Não, eu não acredito nisso. As vendas de discos estão caindo, mas eu acredito que se o seu material é bom, seu pacote é apropriado e seu preço é justo, as pessoas ainda irão comprá-lo. Antigamente, achávamos que 75% das vendas no varejo eram espontâneas. Você precisa apoiar e manter essa oportunidade. Perdemos muito nas lojas de varejo, mas por outro lado, quando eu estava crescendo, eu comprava meus discos do LED ZEPPELIN e do JETHRO TULL nos fundos de uma loja de ferragens. Então sempre haverá um meio.”
BraveWords.com: Você recebe muito material de bandas que acham “Oh, ele é o cara do Guns N’ Roses e nós somos o próximo Guns N’ Roses”?
Alan Niven: “Sim, tivemos nossa cota de pessoas que acham que são o próximo Guns N’ Roses, exceto que elas não percebem que não há ‘próximo Guns N’ Roses’, mas pode haver uma excelente banda com sua própria personalidade com seu próprio estilo. Ainda assim, recebemos algumas coisas muito boas. Há uma deliciosa capacidade de descobrir coisas interessantes por acaso na maneira que você se conecta a músicos e bandas.”
BraveWords.com: Permita que eu pergunte a você sobre o GUNS N’ ROSES. Todo mundo critica a nova versão da banda porque Slash não está lá…porque Duff não está lá…Mas daí você tem uma banda como o WHITESNAKE que é essencialmente DAVID COVERDALE com uma porta giratória de músicos. Você tem o FOREIGNER que é MICK JONES e uma nova gama de pessoas. Você tem mudanças na formação do THIN LIZZY todo ano. Minhas perguntas são, por que você acha que essas bandas se livram da brinca, mas o AXL e o GUNS N’ ROSES recebe mídia negativa?
Alan Niven: “Eu acho que é uma questão de percepção por parte do público. Você mencionou o THIN LIZZY [Vivian Campbell estava tanto no Thin Lizzy como no DEF LEPPARD na época da entrevista], há um grau de aceitação no público de que existe uma ordem natural de reviravoltas. Vivian é um cara muito legal e um grande músico e eles acomodarão Vivian na posição de tocar com o Thin Lizzy. Entretanto, quando você tem uma situação onde muito obviamente um sujeito afastou os outros, e ainda falou que ele ‘é o último resistente’ e que ele sozinho representa a idéia de GUNS N’ ROSES e, a propósito, o Guns N’ Roses não existe até onde eu entenda. O Guns N’ Roses até onde eu concebo tocou seu último show no dia 7 de abril de 1990 em Indianápolis que foi o último show do [evento beneficente para fazendeiros dos EUA] FARM AID que a formação original tocou. Esse é meu ponto de vista pessoal e particular. Mas nesse caso, nós temos uma situação na qual a primeira coisa que Axl fez após me demitir foi fazer com que o resto da banda cedesse os direitos do nome exclusivamente pra ele. Eu acho que estamos olhando pra um caso de coerção e desagravo e maldade de espírito que demonstra uma resposta negativa quando eles vêem uma bandeira do Guns N’ Roses por cima de uma plateia em Leeds [Inglaterra] que é exacerbada por um clone de Slash que está fazendo os mesmos trejeitos e usando uma cartola. Quando tem um cara que parece muito em corte de cabelo e maneirismos que Izzy e toca uma guitarra como a dele e você olha pro baixista e pensa “bem, isso é o mais perto que eles acharam de parecido com o Duff”. Eu acho que é uma baita sacanagem da parte de Axl. Eu acho que é um tremendo insulto às pessoas que fizeram o Guns N’ Roses o que a banda era…para Izzy, Steven, Slash, Duff e eu acho que é muito insensível e arrogante. Eu acho bobo Axl fazer isso e acho que é idiotice uma plateia aceitar isso. Deixe que eu esclareça, Axl tem todo o direito como pessoa de tocar seja lá qual música ele quiser tocar com quem ele bem desejar. Esse é um direito que é absolutamente incontestado, mas eu não consigo digerir que ele afirme ser o Guns N’ Roses por si próprio – ele não é.”
BraveWords.com Eu entendo seu modo de pensar, mas eu também entendo a importância de uma marca e se colocarmos Axl num patamar mais alto de cobrança então deveríamos colocar todas as bandas nesse mesmo patamar.
Alan Niven: “Deixe que eu lhe explique. Se eu tivesse que falar de um só indivíduo, eu diria que o maior vocalista do rock n’ roll é PAUL RODGERS e eu sou um grande fã do FREE, mas quando o Free deu o que tinha que dar – eles não chamaram a banda nova de ‘Freedom’. A nova banda se chama BAD COMPANY. È algo diferente. Tinha músicos diferentes, apesar de liderados por Paul. O LED ZEPPELIN originalmente se chamava THE NEW YARDBIRDS até que eles se deram conta do fato de que aquilo não era o ‘novo’ YARDBIRDS, mas algo diferente. Um novo nome… uma nova identidade..uma nova marca.’
BraveWords.com: Poderia ser também devido à ideia de marca não era tão forte assim na época?
Alan Niven: Perceber algo como uma marca é uma compulsão excessiva de um ponto de vista comercialista, ao contrário de um ponto de vista artístico ou criativo. Eu acho que a sua integridade reside em sua criatividade artística não em sua imagem e se você vai mudar as coisas substancialmente – então mude o nome. Se alguém morrer, daí você tem a opção de continuar tentando achar alguém para preencher a vaga da pessoa que não está mais com você ou você pode recriar. Eu sempre tiro meu chapéu para o LED ZEPPELIN por encerrar suas atividades quando John Bonham morreu. Jimi Hendrix sofreu uma certa pressão para tocar com mais músicos negros e ele saiu da JIMI HENDRIX EXPERIENCE pra BAND OF GYPSIES. Não impediu que a música fosse excepcional. Era diferente, mas não deveríamos negligenciar nossa plateia. Eu acho que eles são inteligentes o suficiente para saber que Jimi tocava guitarra no Experience e Jimi está tocando na Band of Gypsies. Eu quero ver Jimi tocando guitarra e se eu quiser um pôster de Jimi, eu compro. Ironicamente, a primeira banda que estabeleceu um senso de marca foi o GRATEFUL DEAD porque eles surgiram da contracultura não comercial, mas ainda assim fizeram da banda uma marca e assim uma vez que Jerry [Garcia] faleceu, eles pararam e isso é correto e honroso. E também..se você vai começar algo novo…então comece algo novo.
BraveWords.com: Só parece injusto pra mim que as pessoas se queixem do Axl se chamar Guns N’ Roses ainda que David Coverdale possa subir ao palco com seu octogésimo guitarrista e seu vigésimo – terceiro baterista e se denominar Whitesnake e ninguém reclama.
Alan Niven: Eu acho que a coisa passa do limite quando você vê imitações com roupas parecidas e tocando de maneira similar. Eu acho que você se sente manipulado e eu acho que daí você sente que há um elemento de cambalacho nisso. Eu acho que a maioria dos fãs que foram aos shows mais recentes em Leeds e Reading diriam que Axl estava com uma voz muito boa considerando sua idade, tanque de oxigênio e teleprompters. Eles ficaram deleitados por ouví-lo desfilar as canções da melhor maneira que ele pôde apesar dele perder um pouco de fôlego aqui e ali, mas a despeito do fato dele obviamente não estar 100% em forma, eles ouviram algumas canções clássicas as quais eles têm amado por anos e eles curtiram a noite, mas não era a porra do Guns N’ Roses. É uma banda cover, Mitch. Eu só acho que é triste ter chegado a esse ponto no qual você tem pessoas no palco fazendo mímica dos membros originais.
BraveWords.com: Você estava junto do Guns N’ Roses no começo. Você olha para os últimos vinte anos e pensa em todas as oportunidades perdidas por eles não conseguirem se manter? Ou é mais um caso deles serem assim mesmo tão caóticos que criou uma mítica que os manteve na ribalta esse tempo todo?
Alan Niven: É uma questão de personalidade e quando isso se dissipou… obviamente Axl tem certos traços de personalidade que não necessariamente combinam com situação de grupo. Foi até onde podia. É irônico pra mim assistir às imagens da BBC [dos shows em Leeds e Reading] e ouví-lo cantar sobre amor em seu coração… eu tenho dificuldade em lembrar de um único feito de amor abnegado que ele tenha tido que eu tenha testemunhado. Infelizmente, eu posso dizer que eu testemunhei muitas ações negativas da parte dele. Esse é um cara que vive sozinho e não teve sucesso algum como pai de família, por exemplo, e até onde eu saiba ele não tem filhos e não tem uma entidade familiar em torno dele. Eu acho que essas são todas circunstâncias salientes e indicativas. Certamente, eu olho pra trás e sei que uma de minhas principais funções com a banda era manter as coisas funcionando assim como protegê-los deles mesmos e o interesse daqueles associados a eles. Certa vez David Geffen queria uma trilha sonora deles para um filme que não era tão bom. Alguém quer Axl na [revista] Vogue porque uma das esposas de um dos executivos da Geffen é uma editora na Vogue. Você tem que manter tudo isso em rédeas curtas e você tem que manter o espírito da banda vivo. Meu desejo pra eles era que fossem considerados os ROLLING STONES de sua geração. Obviamente, eles não tiveram nada parecido com o ROLLING STONES em resultado. Eu não acho que os STONES tenham feito algo relevante desde Tattoo You.
BraveWords.com Deixe que eu faça algumas perguntas aleatórias. Steven Adler acabou de lançar um livro, ele está no [programa televisivo estadunidense] Celebrity Rehab, e tudo mais. Quais são seus sentimentos em relação a Steven?
Alan Niven: Primeiro e acima de qualquer coisa, meu desejo é que ele tenha saúde física e mental. Eu sinceramente espero que ele fique o tão física e mentalmente saudável que ele puder. Isso é o que desejo a ele.
Fonte: Lokaos Rock Show